terça-feira, 10 de agosto de 2010

De 6 a 20 de Agosto Semana da Inclusão


Meu nome é Radio

No filme, Meu nome é Rádio, o autor denuncia antes de tudo a exclusão social que faz com que as pessoas que apresentam necessidades especiais fiquem à margem da sociedade e sejam vistas como alguém que tem uma doença contagiosa, ou que cometeu um crime hediondo ou ainda que não tem a menor importância e capacidade. Denuncia essa que usa como refúgio a base de uma história real, através da personagem RADIO que a princípio é totalmente rejeitado, apesar de aparentemente feliz. Logo a seguir faz-nos refletir sobre a necessidade do ser humano de viver em sociedade, de ter amizades e oportunidade de se desenvolver na convivência com seus semelhantes apesar das diferenças, dificuldades e deficiências que todos temos.Mostra-nos também que através da compreensão, da ajuda, da amizade incondicional e da aceitação as pessoas podem se tornar melhores e serão plenamente capazes de se desenvolverem.

Ficha Técnica

Meu Nome é Rádio
(Radio)

País/Ano de produção: EUA, 2003
Duração/Gênero: 109 min. Drama
Direção de Michael Tollin
Roteiro de Mike Rich, baseado em artigo de Gary Smith
Elenco: Cuba Gooding Jr., Ed Harris, Debra Winger, Alfre Woodward,
S. Epatha Merkerson, Brent Sexton, Chris Mulkey, Sarah Drew, Riley Smith.

Incluir:

do Latim includere
verbo transitivo direto
compreender, abranger;
conter em si, envolver, implicar;
inserir, intercalar, introduzir, fazer parte, figurar entre outros;
pertencer juntamente com outros

Integração: pessoas com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na sociedade, que faz apenas ajustes

Inclusão: defende o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência
Integração: Defende o direito de pessoas com deficiência

Inclusão: traz para dentro dos sistemas os grupos de "excluídos" e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS
Integração: Insere nos sistemas os grupos de "excluídos que provarem estar aptos" (sob este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão)

Inclusão: o adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com e sem deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo etc)
Integração: O adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas (escola integradora, empresa integradora etc)

Inclusão: valoriza a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos etc);
Integração: Como reflexo de um pensamento integrador podemos citar a tendência a tratar pessoas com deficiência como um bloco homogêneo (exemplos: surdos se concentram melhor; cegos são excelentes massagistas)

Inclusão: Não quer disfarçar as limitações, porque elas são reais
Integração: Tende a disfarçar as limitações para aumentar a possibilidade de inserção

Inclusão: Não se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente
Integração: A presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do adjetivo integrador

A escola e a inclusão

Os objetivos tradicionais na educação de pessoas com necessidades educativas específicas, ainda se orientam por conseguir alcançar comportamentos sociais controlados, quando deveriam ter como objetivo que essas pessoas adquirissem cultura suficiente para que pudessem conduzir sua própria vida. Ainda vivemos em um modelo assistencial e dependente quando a meta da inclusão é o modelo competencial e autônomo.

O pensamento pedagógico dos profissionais, é que "as crianças com necessidades educativas específicas são os únicos responsáveis (culpados) por seus problemas de aprendizagem (às vezes esse sentimento se estende aos pais), mas raras vezes questionam o sistema escolar e a sociedade... o fracasso na aprendizagem deve-se às próprias crianças com deficiência e não ao sistema, pensa-se que são eles e não a escola quem tem que mudar."*

É um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a criança não sabe fazer do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na necessidade do especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas que se fazem profissionais da deficiência.

Essa postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis.

A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.

Esta incompreensão da cultura da diversidade implica em que os profissionais pensem que os processos de integração estavam destinados a melhorar a "educação especial" e não a educação em geral. Encontramo-nos em um momento de crise, por que os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não terminaram de emergir. Penso que a cultura da diversidade está colocando contra a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa.

A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a "ensinar a aprender". A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde TODOS devemos aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar que parte do respeito à diversidade como valor.


*Melero, Miguel Lopez - Diversidade e Cultura: uma escola sem exclusões. Universidade de Málaga. Espanha/2006